domingo, 23 de novembro de 2014

Artigo - Os Jesuítas e seus ensinamentos.


                                                                                               Ana Paula dos Santos¹

RESUMO

            Este estudo tem objetivo de demonstrar a ação dos jesuítas na América, dando ênfase no Brasil no século XVI. Mostrará relatos e a metodologia utilizada na catequese e a imposição da cultura portuguesa para com os indigenas, bem como, mostrar o legado dos jesuitas deixado para os indigenas. Busca também esclarecer as reais intensões desses ensinamentos trazidos da Europa para catequizar e levar o interesse da igreja nessas missões.

PALAVRAS-CHAVE: Jesuítas, Companhia de Jesus, Inácio de Loyola, Missões.

INTRODUÇÃO

Os jesuítas foram padres da igreja que faziam parte da Companhia de Jesus. Essa companhia foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola. Seu principal objetivo era barrar o avanço do protestantismo, pois essa ordem religiosa estava vivenciando o contexto da “contra reforma Católica”.
JonhO`Mlley (1993) em sua obra Os primeiros Jesuítas, mostra como os padres da companhia de Jesus agiam em seus primórdios. Eles queriam levar a palavra e seus ensinamentos para as pessoas, a principio, iniciou-se em praça publica e posteriormente em escolas e colégios que foram fundados para esse propósito. Nesses colégios os professores seguiam a obra de Loyola, Os Exercício (1534), que continha o exercício para ajudar na aprendizagem dos alunos.
Assim, do inicio da primeira expedição no Brasil em 1549 pelo jesuíta Tome de Souza, e passando ao longo dos séculos, esses celebres educadores, tiveram uma imensa contribuição para os valores educativos e colaboração direta nas fundações de importantes cidades no Brasil.


A VINDA DOS JESUÍTAS PARA O BRASIL

Os estudos de Mário Simon (1987) Em Breve notícia dos sete povos descreve que os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, com a expedição de Tomé de Souza. O receio com os avanços dos bandeirantes portugueses ao sul e nordeste brasileiro deu uma motivação para a instalação dos jesuítas da Companhia de Jesus em missões. Segundo Mario Simon, os jesuítas eram padres que vieram para cristianizar o selvagem e prepará-lo para ingressar já civilizado no mundo europeu. Essas missões[1] seriam a característica, além da pregação do evangelho e a salvação das almas para cristo.
Assim, alguns conceitos serão descritos para melhor compreensão do contexto jesuítico. Um deles é o conceito de redução: aldeias, povos, doutrina ou missão, que era desenvolvido sem ajuda em dinheiro, onde não havia desigualdade, a princípio, havia dois padres, possuía trabalho coletivo dos indígenas e a administração era realizada pelos próprios índios, onde o chefe maior era chamado de corregedor. Os índios não tinham propriedades privadas, as terras eram de todos.
A cultura brasileira, nos valores da religião cristã, desempenhou na catequese um papel de conversão e sobrevivência dentro da sociedade. Alguns valores serviam para a condenação ou extinção da comunidade local. A catequese é toda ação pastoral da igreja: a doutrina, o meio de ensino, o comportamento de seus integrantes e dos seus fiéis. No século XVI Estado e Igreja se fundiam numa única sociedade, ”suigeneris”.
Para Mário Simon Cristianização e aportuguesamento são tarefas sinônimas, pois através do ensinamento cristão os jesuítas passavam aos indígenas os valores portugueses, e muito dos costumes. A catequese pode ser vista como um fator primordial da colonização e como instrumento de imposição cultural que moldava os índios aos parâmetros portugueses.
Serafim em Historia da Companhia de Jesus no Brasil faz uma critica ideológica das razões possíveis da catequese.

“É sabido que os Portugueses, e é esta uma das suas glórias, nunca fizeram distinção de raças nas terras que a Província confiou à sua colonização. Os jesuítas, portugueses e brasileiros, muito menos. Se não se admitiram nas escolas do Brasil escravos, a razão foi à mesma que atinge hoje a grande massa do proletariado; não o permitiam as circunstancias econômicas da terra, nem os senhores compravam escravos para os mandarem estudar. (Serafim, 1933-1950. p.91)”

Quando Serafim fala do trabalho indígena nas fazendas jesuíticas ele aponta que: “(Os índios da America não conheciam, antes do descobrimento, nem o arado, nem a nora, nem os quadrúpedes de tiro” e com os portugueses exercitaram todas as indústrias agrícolas e em particular, os jesuítas chegaram a realizar empresas hidráulicas de grande envergadura, represas, canais, etc.
Por outro lado, escreve que não havia igualdade com os indígenas, pois eles possuíam um atraso mental e por isso não estavam ainda preparados para uma incorporação desse porte dos portugueses. Serafim fala ainda sobre o progresso trazido pelos portugueses para a América para os indígenas em particular. Como o arado, técnicas hidráulicas, ensino religioso, etc. Já por outro lado questiona esses avanços portugueses para com os indígenas, pois segundo ele, os índios não estavam ainda prontos mentalmente para entender essas informações portuguesas.
Para Serafim uma coisa é certa; houve aculturação, pois os indígenas eram submetidos à cultura portuguesa e os portugueses não possuíam uma sensibilidade para também aprender com a cultura local indígena. Aprenderam, porém, bem menos que os indígenas.
Atualmente os teólogos chamam esse fato de enculturação, ou seja, a adaptação da genuína mensagem de fé a outras culturas que não a européia.



A COMPANHIA DE JESUS

A companhia de Jesus foi fundada para ajudar almas na vida e a doutrina cristã. Pregação, lições publicas, anunciar a palavra de Deus como são, dar os Exercícios Espirituais, ensinar o cristianismo, ouvir as confissões e administrar sacramentos.
A Companhia é um corpo docente (corpus docentium) instituído pela autoridade da Igreja e possui um plano de ensino chamado RatioStudiorum SocietatisJesu que tem por objetivo as prescrições do fruto do estudo e investigação, da competência e bom conselho de muitos homens sábios, de normas e critérios.
Assim, o modo de ensinar da companhia utiliza o método próprio. Princípios de pedagogia, delineados por Santo Inácio, O RatioStudiorum.Com base no artigo de Jesus Maria Sousa, Os jesuítas e o RatioStudiorum (2003) RatioStudiorum é um plano de ensino trazido pelos jesuítas que serviu de modelo de ensino pedagógico para a educação jesuítica.
Atividade educativa inclui pontos de referência: primeiro é o fim, o segundo é o complexo das atividades educacionais (meio e método) e terceiro é o fornecido pelas estruturas sociais e pelas exigências do professor e aluno.
O tesouro educativo da Companhia de Jesus era:
*O fim é a meta a atingir
*Os meios são os veículos a utilizar
*Os métodos é a estrada em que caminhar

O escritor inglês H.G.Wells escreve na sua obra Historia do nosso mundo que:

“Os membros da Companhia de Jesus devem ser contados entre os maiores professores e missionários que o mundo conheceu. Impediram a ruína da Igreja Romana. Em todo mundo católico soergueram a educação para um nível mais alto; por toda parte alevantaram a inteligência, aguçaram a consciência dos católicos; e estimularam a Europa protestante a que com eles competisse nas medidas educacionais. A igreja Romano-Católica vigorosa e lutadora que hoje conhecemos, é, em grande parte, fruto da atividade jesuítica. (H.G.Wells,1922)”

A companhia era uma Ordem cristão-militar. Quem quisesse entrar para essa ordem precisava ter uma saúde boa, talento, firmeza de caráter, pureza de costumes e desprendimento dos desejos terrenos. Inácio, o fundador dessa Ordem, tinha em mente criar uma espécie de milícia seleta de cristo, que sempre e por toda a parte estivesse às ordens do Papa, o representante de Cristo na terra.
Entretanto, a prática de cristianização, o representante teria que ter um preparo especial religioso. Um treinamento adequado com base nos Exercícios Espirituais.



ORBIS CHRISTIANUS

Os estudos de José Maria de Paiva, Colonização e Catequese, mostra que a OrbisChristianus é uma imagem cristã medieval do mundo. Fundou-se na crença de que o mundo é de Deus, cujo representante na terra é a Igreja Católica. Exigia os jesuítas, cultos e adoração para o Deus único e verdadeiro.Os jesuítas seguiam este sistema. Usava de força militar para com as camadas da sociedade. Agiu-se movido por esta concepção totalitária no mais profundo sentido porque visava implantar a única totalidade: o “orbischristianus” (orbe cristão).
Os indígenas não viam os jesuítas com essa imagem totalitária, e sim como uma porção boa da sociedade portuguesa que estavam lá para ensinar, e para protegê-los contra os abusos da coroa. O OrbisChristianus tinha a função de levar a verdade absoluta sobre o único Deus que era representado pela a Igreja Católica na terra, ou seja, queria agregar mais autoridade para a Igreja. Os Jesuítas tinham em mente organizar os indígenas em aldeias e os catequizar, para facilitar a dominação e a imposição da cultura portuguesa.

A CATEQUESE

Embasado nos estudos de José Maria de Paiva a catequese no começo era igual para todos. Portugueses, colonos, indígenas e africanos. Na pratica, reduzia o índio à condição de grupo inferiorizado, mas sempre tendo o foco na prática da castidade pelos jesuítas.O índio foi separado da sua própria cultura, para atender os interesses mercantilistas português. Esses fatores de aculturação nos faz ter um acervo histórico, antropológico e sociológico muito amplo.
O mercantilismo com seu objetivo de conquistar mão-de-obra faz com que os padres missioneiros ensinem essa pratica aos indígenas, porém, esses padres não tomavam consciência disso, pois, para eles, estavam ensinando o povo americano a ser evoluído tendo na prática, agrícolas, hidráulicas, e principalmente estavam ensinando aos índios a fé cristã.
Portanto, a catequese em teoria ensinava o aportuguesamento, e depois tinha por objetivo colocar o indígena na sociedade, em seu devido lugar. Mas esse lugar era geralmente propicio a algum fim mercantilista. Os indígenas não tinham maturidade o suficiente para entender o que estava acontecendo com eles  (colonização e evangelização) e não viam os objetivos dos grupos para com eles (governo, colonos, missionários). Eles eram submetidos ao trabalho braçal, participação nas guerras, mudanças de costumes, doutrinação. E por não possuírem uma capacidade de raciocínio critico não percebiam o uso indireto da catequese para outros fins que não religioso.

“Mandam à frente os missionários, com palavras doces, falando a linguagem do bem; em caso de recusa, punham-se os missionários na retaguarda (estandarte nas mãos), e falavam a linguagem do mal, a linguagem das armas; uma vez sujeitados os índios, voltavam novamente os missionários da retaguarda, e pregavam a doutrina. (José Maria, 1982, p.53)”

Esse trecho mostra como era feita a imposição da fé, doutrinação e do trabalho aos indígenas. Primeiro os portugueses usavam de amizade, e pediam para os índios fazerem o que lhes eram propostos e se houvesse recusa os missionários usavam de força para conseguir o que queriam.


A PRÁXIS CATEQUETICA

Entende- se como práxis catequética aquilo que se fez como catequese e como foi feito. Ou seja, é a prática catequética.O caminho do mal é convidativo, porém, suas conseqüências são terríveis. O caminho do bem é a igreja: fora dela ninguém se salva. Os jesuítas, segundo essa prática, eram um estilo de milenaristas e messiânicos que correm aldeias anunciando a mensagem de Jesus. Procuraram pessoas quase morrendo para serem batizadas e pelo batismo salvar almas da danação eterna.
A morte de crianças batizadas era motivo de festa na terra e no céu. Pois acreditaram que as crianças não teriam sido ainda corrompidas com a maldade e malícia desse mundo.

 “Estava um índio doente nesta aldeia e viu-se tão mal que parecia a todos que morria. Falou-lhe o padre Gaspar Lourenço se queria ser cristão: ele secamente respondeu que não queria sê-lo voltou o padre a replicar sobre isto, ponto-lhe diante a gloria do paraíso e as penas do inferno, e que em mui breve ( das duas  uma: ou se fazia filho de Deus e herdeiro da gloria ou servo perpetuo do diabo e morador do inferno.{...} Não pouco depois de sua ida, veio um filho seu a chamar ao padre, dizendo: “vem acudir meu pai que morreu e pede que o batizes”. Foi o padre correndo encontrou-o inconsciente e depois que voltou a si lhe disse: se era verdade que queria ser cristão?(Serafim, 1933-1950, p.164)”

Por esse trecho, nota-se como era de fato a catequese, por sua vez, se não fosse por bem, seria por mal. Pelo o medo que os padres jesuítas faziam para com os indígenas. Que só se batizavam por medo da condenação eterna, e não por fé cristã.O batismo, na sua grande maioria, era concedido pelo amedrontamento e pela promessa de se ir para o céu. Era preciso ser cristão, deixar-se batizar, ingressar na igreja dos portugueses. E para o índio não havia outra opção, ou se era batizado ou escravizado. O batismo era visto como a entrada para a igreja. Na obra Cartas dos primeiros jesuítas para o Brasil o padre Nóbrega de 10 de agosto (1549, p.65), descreve que se “devem batizar somente crianças ou moribundos. Os adultos têm que primeiro, provar que se adaptaram aos novos costumes”,
Por volta de 1561 iniciaram-se os batismos em massa. A fase de aldeamento que era uma urgência da imposição dos costumes cristãos e o abandono da cultura dos indígenas. O batismo era visto como o abandono dos costumes antigos e a aceitação dos novos costumes. Para os índios isso significava a sujeição branda. ”Era o diploma de adaptação” descreve Nóbrega. Havia também a Comunhão que era uma ferramenta usada para disciplinar os indígenas.  Ela era usada como prêmio de uma vida irrepreensível.
Mesmo com o batismo os indígenas voltavam atrás e afrouxavam o seu voto pela doutrinação. A catequese veio como um remédio para os que estavam a perigo. O conteúdo da Catequese era composto em primeiro lugar, pela doutrina cristã: seus dogmas, princípios morais e espirituais. Tradução da mensagem religiosa é o que possibilita a conversão e a verdadeira fé, ou seja, dependia muito da maneira que os padres pregavam a palavra para os indígenas, pois eles não possuíam uma capacidade de distinguir entre atos religiosos e não religiosos.
A catequese serviu como um instrumento de imposição dos usos e costumes portugueses. O índio não conhecia comércio e veio o português e o apresentou. E os comprou com presentes: espelhos, facas, tesouros, panos, etc. e depois pediu algo em troca: o trabalho, comida, pau-de-tinta. E o índio não conseguia entender o que estavam perdendo, pois não tinha noção econômica.
Com base a estudos feitos pelo padre Antonio Sepp S.J, 1980, em Viagem às Missões Jesuíticas e Trabalhos Apostólicos, quando a raça branca entrou em contato com os povos primitivos da América, ficou frente a frente com as duas proposições de um dilema.
O primeiro era: Chacina em massa.
O segundo era: Cristianização.
Para, o Padre Antonio Sepp é inegável que o elemento indígena da América se converteu nas regiões conquistadas por homens de raça romana e de confissão católica, isto é, nos países latinos, de língua ibérica. No entanto, nos lugares em que foram exterminados (com radicalismo por meio de armas, violência, doenças, cachaça) os conquistadores eram germânicos e de outra confissão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos estudos historiográficos, conclui-se: que a criação dos jesuítas no seu inicio, teve como primeiro impacto, combater o avanço do protestantismo, dando assim, um ênfase na procura de novos fies e levar os ensinamentos cristã católicos a diversas regiões do mundo.
No entanto, chegando a colônias como no Brasil, se depararam com uma situação adversa da Europa, pois os indígenas eram totalmente selvagens, vendo isso os jesuítas perceberam que o trabalho seria ardo e duradouro. Neste cenário de novo mundo, esses eminentes educadores cristã, não só vieram no intuito de catequizar esses selvagens, mas em aportuguesar esses nativos e impor a cultura europeia.
Por outro lado, o legado dos jesuítas foi amplo, como a criação de cidades, como Salvador, São Paulo, São Vicente etc. A principal obra jesuíta no Brasil, foi à fundação de diversos colégios em toda território. Por fim, a colonização pelos portugueses, e com a chegada da companhia dos jesuítas, trouxe um molde pronto para os povos nativos na região colonizada, que acabaram se desenvolvendo nos moldes portugueses e nos ensinamentos dos jesuítas, que abrangeram ensinamentos, na cultura, língua, comercio, economia, religião. Toda colonização, tem seu lado positivo e negativo, no Brasil não foi diferente, mas uma coisa é certa, se não fosse os portugueses os colonizadores e nem outro colonizador, o desenvolvimento, nos parâmetros indígenas, não teria a rapidez que teve, mas aconteceria com o tempo, respeitando as necessidades desse povo.


REFERÊNCIAS     

ADDINGTON SYMONDS, John, A Reação Católica, 1886, p.65.

LEITE, Serafim, 1933-1950, História da Companhia de Jesus no Brasil, p.91-164.

NÓBREGA, Manoel, Cartas dos primeiros jesuítas para o Brasil, 1549, p.65.

O’MALLEY, Jonh, Os Primeiros Jesuítas,1993.

PAIVA, José Maria, Colonização e Catequese, 1982, p. 53.

SEPP, Antonio, Viagem às Missões Jesuíticas e Trabalhos Apostólicos, 1980.

SIMON, Mário, Breve notícia dos sete povos, 1987.

SOUSA, Jesus Maria, Os jesuítas e o RatioStudiorum, 2003.

WELLES, H.G, História do nosso mundo, 1922.
















[1] Graduanda do segundo ano do curso de licenciatura em História da Universidade do Sagrado Coração. Bauru/SP. Artigo realizado sob orientação dos professores: Doutora FEITOSA, L.M.G.C.; Mestre Nassarala, N.

RESENHA DO FILME AGONIA E EXTASE

 Anderson Gataveskas Garcia

O filme foi lançado no ano de 1965 nos Estados unidos da américa, tendo como diretor Carol Reed, seguindo o roteiro Philip Dunne, produção de Carol Reed, no figurino Vittorio Nino Novarese, no Design Produção John DeCuir. Tendo como elenco os autores, Charlton Heston, Rex Harrison, Diane Cilento, Harry Andrews, Alberto Lupo, Adolfo Celi, John Stacy, Fausto Tozzi, Tomas milian.
O filme retrata vida de um dos maiores artistas do mundo e, um dos principais nomes da arte de sua época, que é o artista Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, mais conhecido como Miguel Ângelo ou Michelangelo. No contexto de sua vida, Michelangelo se depara com seu maior desafio de sua vida, quando foi convidado pelo então nomeado papa de seu época  Júlio II a pintar o teto da Capela Sistina, no Vaticano, em Roma. Assim, o filme relata o dualismo de sentimentos de amor e ódio do papa Júlio II e Michelangelo.
Dirigido pelo americano, Carol Reed retrata a vida e a relação de Michelangelo e o papa Júlio II. O filme, se inicia na cidade de Florença, Itália, mostrando os primeiros anos de vida, desse magnifico artista, retalhando os mármores e fazendo belas esculturas. Com a sua fama, Michelangelo, vai morar em Roma, assim, sediando nesta cidade, o artista é convidado pelo papa Júlio II a pintar o teto da Capela Sistina. Mas, como Michelangelo não dominava a pintura, lhe recusou a principio a oferta, mas aceitando logo em seguida esse grande desafio e considerado sua grande obra. Não tendo a devida segurança na pintura, o autor, leva tempo para realizar sua tarefa, e recebendo pressões por toda a igreja e principalmente pelo papa Júlio II, no qual o filme, relata esse ambivalência de sentimentos de uma hora amor e outra de ódio um pelo outro. Mesmo abandonando a obra por doença, e as vezes sendo expulso pelo papa, e até sendo criticado por membros conservadores da igreja, Michelangelo, buscou inspiração na sua concepção de verdade, no qual ele achava que estava lendo e interpretando na bíblia, o autor, faz uma incrível obra, da criação humana, demonstrando que o homem, não é só corpo e sim razão também em sua concepção de mundo e criação.
Contudo isso, o Carol Reed, aborda a vida de Michelangelo, não seguindo um parâmetro de bibliografia de sua vida e, sim sua relação com o papa e seu próprio sentimento que ele empenhava em suas obras. Assim, mostrando a ambivalência de sentimento de ambos, que entre amor e ódio, eles iam se entendendo na medida do possível, a obra ia saindo aos poucos, mostrando que mesmo o artista não dominando com maestria o novo seguimento, pois ele mesmo só trabalhava e desenvolvia seus trabalho a partir do mármore, Michelangelo, mostrou não só para o papa e sim para o mundo que ele sim, não foi só apenas um pintor  a serviço da igreja, mas sim um gênio a ser lembrado e glorificado por todos.




Os problemas da filosofia - Capitulo 1 - Aparência e realidade.

ANA PAULA DOS SANTOS









 APARÊNCIA E REALIDADE
















BAURU
2014





BERTRAND RUSSELL


Aparência e Realidade

A obra “Os problemas da filosofia” do filósofo britânico Bertrand Russell foi produzida com o intuito de estudar de uma maneira facilitada a filosofia, e, com tal propósito, Russell inicia o livro com um capítulo de investigação e distinção entre aparência e realidade.
Para o autor aparência é tudo o que o objeto aparenta ser, para o observador, através dos sentidos, essa aparência depende de três fatores: o objeto, o observador e o fator externo. E a realidade é a forma real constituída através da experiência a partir das formas aparentes. A realidade não é o que vemos e sim o que inferimos sobre o que vemos.
Esse capítulo nos demonstra que até mesmo as coisas mais simples do cotidiano podem vir a se tornar matéria para inquirições filosóficas, ou seja, a filosofia está por toda parte, transformando o nosso modo de ver o mundo e trazendo de volta nosso interesse acerca dele.
Para Russel o papel da filosofia é evidenciado logo no início do capítulo: reavaliar tudo o que conhecemos, pois por vezes, o que nos parece óbvio, posteriormente se mostra contraditório.
Existe algum conhecimento tão certo do qual não possamos duvidar? Russell inicia sua obra com essa indagação a respeito do conhecimento, e a resposta a essa questão, será negativa se tivermos em vista os argumentos apresentados por Russell no decorrer do capitulo.
 O autor deixa evidente que nada é somente o que se aparenta ser. Dai o nome do capitulo: aparência e realidade. Por exemplo, a iluminação de um determinado local faz com que o mesmo objeto aparente ser de diversas cores devido ao feixe de luz sobre ele. Ou então, para um mesmo objeto pode haver varias formas, dependendo do ponto de observação; se um objeto está no centro de uma sala e ao seu redor existem pessoas o observando, cada pessoa observará o objeto de um determinado ângulo.
Alguns conceitos devem ser esclarecidos para melhor compreensão de sua obra. Um deles é os Dados do sentido: esse conceito consiste no que podemos conhecer a partir das sensações (corpo). Outro conceito é o de Sensação: consiste na experiência de ter consciência das coisas.
O autor analisa no primeiro capitulo uma mesa, essa mesa sendo retangular, escura e brilhante, enquanto para o tato ela é lisa, fria e dura e se movimenta-la possui um som de madeira, mas no entanto, todos que observam essa mesa terá a mesma visão? Se em uma determinada parte a mesa é mais iluminada, sua cor escura aparentará escura da mesma forma de outras partes sem iluminação?
O conhecimento nos advém de nossas experiências presentes, daquilo que atinge os nossos sentidos, ou seja, os dados sensíveis (tato, visão, adição, etc). Porém, para Russell é evidente que a partir do momento que o que pensamos conhecer e o analisamos, surgem dúvidas sobre a realidade daquilo que percebemos ou, de outro modo, duvidamos a respeito da natureza daquilo que atinge a nossa sensibilidade. Pois, uma vez que cor, textura, e forma estão sujeitos a diferentes modos de serem percebidos, dependendo da perspectiva adotada pelo observador no caso da forma, da incidência de luz sobre o objeto no caso da cor e também no que refere a instrumentos que potencializem os nossos sentidos, como o microscópio no caso da textura, não há como, pensando nas diversas formas de percepção que existem sobre um mesmo objeto, depositarmos a mesma confiança nos sentidos que tínhamos antes de começarmos a investigação.
Então surge a distinção entre aquilo que chega a nossos sentidos e o ser da coisa mesma, a distinção entre aparência e realidade. E se deixando levar pela dúvida, cogitamos, até mesmo, tal qual Berkeley, a inexistência deste mundo de matéria e aparência, tendo em vista que só o que temos certeza nesse mundo é que há pensamentos, mentes e sentimentos.
A maioria dos pensadores está de acordo quanto à existência e independência das coisas em relação a nós, mas não quanto a sua natureza. Leibniz fala em uma “colônia de almas”, consciências, Berkeley na “mente de Deus” ou a “mente coletiva do universo” e a dita ciência afirma, não menos estranhamente, em uma “coleção de cargas elétricas em intenso movimento”. Mas o que, de fato, sabemos sobre este tema é que as coisas não são o que parecem ser e que há uma realidade por trás disso no que aparece. 


REFERÊCIAS:

RUSSELL, Bertrand. Os problemas da Filosofia. Disponível em:

domingo, 5 de outubro de 2014

sábado, 4 de outubro de 2014

Crise do Socialismo - Por Myriam Becho Mota e Patrícia Ramos Brack.


A crise do Socialismo

Livro: História das cavernas ao Terceiro Milênio
Myriam Becho Mota e Patrícia Ramos Brack

Capítulo 56 – Os limites do socialismo real.

O fracasso do regime socialista e o esvaziamento ideológico das esquerdas.

A falência de um modelo

“sem dúvida não conhecemos, durantes séculos, tamanho vazio ideológico: provavelmente, uma vez mais, desde a Idade Média... com o colapso de comunismo, aproximamo-nos, porém do grau zero da ideologia. Jamais os intelectuais foram tão numerosos.” Minc, Alain, 1994.
Após a segunda guerra mundial, os países socialistas europeus e em especial, a União Soviética passaram por um grande crescimento econômico e por transformações sociais. Tais mudanças resultaram a centralização político-administrativa empreendida pelos Estados que se tornaram dirigentes, reguladores, produtores e empregadores.
Essa centralização gerou problemas: ineficiência administrativa, desperdício de recursos, baixa produtividade do trabalho, falta de inovação tecnológica, entre outros.


O fim da URSS

·         Entre 1985 e 1991
·         Mikhail Gorbatchv

Transformações políticas e econômicas

·         Os problemas da economia russa no final dos anos 90
·         Grave crise econômica – 1990
·         Sistema frágil – socialismo
·         Substituição pelo capitalismo
·         Queda do PIB
·         Empréstimos FMI
·         Crise se agrava em 1997.

O colapso dos sistemas socialistas da Europa Oriental

·         Desorganização no Leste Europeu
·         Separatismo
·         Nacionalismo
·         Conflitos étnicos e religiosos
·         Socialismo entra em colapso provocando o fim do bloco militar – Pacto de Varsóvia.

·         Queda do muro de Berlim.

Conceito de Essência para Pitágoras e Santo Anselmo.

Ana Paula dos Santos
Pitágoras

Pitágoras de Samos viveu de 571-70 a.C a 497-96 a.C, na ilha de Samos na Ásia Menor, foi um importante matemático e filosofo. Já na sua época, com seus estudos astronômicos, afirmava que o planeta Terra era esférico e suspenso no Espaço. Pitágoras foi influenciado por filósofos gregos como Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.
Sua obra mais importante foi o Teorema de Pitágoras, pelo qual é possível calcular o lado de um triângulo retângulo, conhecendo os outros dois lados. Ou seja, ele prova que a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

A escola Pitagórica

Essa escola surgiu na Itália, era um grupo secreto, de caráter religioso e moral. Essa escola tinha estudos nas áreas de: Matemática, Música, Astronomia e Filosofia. Segundo Pitágoras a essência de que são compostas todas as coisas era o número, ou seja, as relações matemáticas governam todos os outros fenômenos.
Defendia a esfericidade da Terra e demais corpos celestes, a rotação da Terra                  ( explicando o dia e a noite) e a revolução dos corpos celestes em torno de um foco central.
Para o pitagorismo tudo é regulado segundo relações numéricas. Os números e suas relações são a substancia uma e imutável de todas as coisas existentes. Ou seja, tudo ao redor se dá através de relações matemáticas, até a nossa fala é, para essa escola, uma expressão matemática. O ser e o não é em uma expressão matemática ficaria da seguinte forma:
O ser = 1        o não ser = -1
1 – 1 = 0
Pitágoras explicava a multiplicidade através da relação dos opostos (equilíbrio). Ele dizia que mediante o concurso dos opostos, que são: o ilimitado e o limitado, ou seja, o par e o ímpar, o imperfeito e o perfeito. Da unidade procede a série dos números aritméticos depois os números geométricos ou grandezas (formas espaciais). Desde que se têm o ponto, a linha (sucessão de pontos), as superfícies (sucessão de linhas) e os corpos (sucessão de superfície), têm-se também os objetos materiais.

Moral dos Pitagóricos

Os pitagóricos mantinhas praticam ascéticas, que consistia em uma boa conduta social, hábitos alimentares e abstinências. Acreditavam que depois da morte do corpo, que era visto como uma prisão para a alma, a mesma se libertava e renascia. Para manter a alma limpa durante cada reencarnação, eles não poderiam comer determinados alimentos como: vagens, galos brancos e alguns tipos de peixes.
Na reencarnação, a mesma alma anima corpos de origens animais, vegetais ou minerais, tinha por objetivo basicamente o mesmo princípio do espiritismo kardecista, que também acredita no clico de reencarnações da alma para purificá-la para que, no final do ciclo, a alma pudesse alcançar o paraíso.
A filosofia consiste no equilíbrio dos humores da alma e da harmonia dos movimentos do corpo. A finalidade da vida do homem é imitar a Deus, e esse Deus é tido como sendo total harmonia entre todas as coisas.

Santo Anselmo de Cantuária

Anselmo de Cantuária foi natural de Aosta na Itália, viveu de 1033 a 1109. Foi monge beneditino na Normandia e depois arcebispo na Cantuária na Inglaterra. Santo Anselno é considerado o pai da Escolástica, que foi influenciado pelo pensamento medieval de Santo Agostinho no que se refere a fé e a ciência.
Para Anselmo a revelação está acima de qualquer verdade. A razão é inferior a fé, ou seja, só se pode chegar à razão através da revelação. O homem possui duas formas de conhecimento: a fé e razão, mas só se consegue entender a razão através da fé. Para ele essa razão nos é dada somente para justificar o porquê temos fé.
Anselmo afirma que a razão quando bem conduzida pode afirmar o que a fé crê.
Em Monológion tenta demonstrar a existência de Deus em duas argumentações:
As coisas são desiguais em perfeição. E que tudo que possui perfeição em maior ou menor grau, a possui porque participa da perfeição divina.

Moral em Anselmo

No pensamento de Anselmo podemos afirmar que tudo aquilo que é mais ou menos justo participa mais ou menos da justiça absoluta; tudo que é bom participa do bem absoluto e só Deus é bom por sim mesmo. Só Deus é soberanamente grande, superior a tudo o que existe.
Tudo aquilo que existe possui uma causa e essa causa é se elevar a Deus. Essa causa de tudo é perfeita. E como para o pensamento anselmiano só existe uma causa perfeita, entende-se que essa causa perfeita é Deus.
Em Proslógion, Anselmo parte da idéia de que a palavra Deus indica um ser perfeito e existir é uma prova de perfeição, então a palavra Deus, novamente, pode indicar algo realmente existente.
“Eu não tento, Senhor, aprofundar-me nos teus mistérios, porque a minha inteligência não é adequada, mas desejo compreender um pouco da tua verdade, em que meu coração já crê e ama. Eu não procuro compreender-te para crer, mas crer para poder compreender-te.” Nessa citação Anselmo deixa claro sua necessidade de utilizar a razão somente para explicar sua fé. Sabendo que somente através de sua fé poderia ser agraciado com a razão para completar sua compreensão.

Considerações Finais

Pitágoras e Anselmo acreditavam que a totalidade (Anselmo) e a Perfeição (Pitágoras) estavam no mesmo Ser. Para ambos a verdade de tudo é uma verdade Una, Deus.
De certa maneira o pensamento medieval de Anselmo complementa o de Pitágoras, pois, mesmo um acreditando na reencarnação da alma o outro complementa com a imaturidade da alma de entender Deus.
Ou seja, para Pitágoras o indivíduo passa por inúmeros corpos, desde o mineral passando pelo vegetal e chegando ao corpo humano, sua alma segue seu corpo conseguindo entender as faculdades que são dadas a esse corpo em cada reencarnação. Já Anselmo diz não se esforçar para entender certas verdades, pois não é dado a sua alma compreender tamanha perfeição. Esse pensamento complementa a evolução da alma humana e mostra como o pensamento medieval, mesmo estando em um cenário cristão, remete a antiguidade clássica.

Referências:

PITAGORAS:QUEM FOI? Disponível em : http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/37866/pitagoras-quem-foi  acesso: 19 de maio de 2014.
STACCONE, G. Filosofia da Religião. O pensamento do Homem ocidental e o problema de Deus. Petrópolis: Vozes. 1991.
ZILLES, U. Fé e razão no pensamento medieval. 2d. Porto Alegre: EDIPUCRS. 1996.




Resenha - Tópicos de Aristóteles

Tópico I -
      Aristóteles em sua obra, no livro I, preocupa-se encontrar um método de investigação, pelo qual possamos raciocinar sobre problemas que nos sejam apresentados, partindo de opiniões geralmente aceitas, sobre qualquer problema. 
     A principio, para ter uma melhor compreensão do seu tratado, Aristóteles explica o que é o raciocínio, como sendo um argumento em que a partir das primeiras premissas as outras são deduzidas através delas.
     Há três tipos de raciocínios: o dialético, caracterizado por partir de opiniões geralmente aceitas; o contencioso ou erístico, que partem de opiniões que parecem ser geralmente aceitas, mas não são de fato; e o paralogismo ou falso raciocínio, são conduzidos por pressupostos falsos.
     Aristóteles desenvolve esse tratado para trabalhar o adestramento do intelecto, as disputas casuais e as ciências filosóficas, ou seja, esse tópico nos possibilita a usar o discurso sem cair em contradição. Com esse adestramento, primeiro devemos compreender o que será argumentado e depois revisar o material que utilizaremos para tal argumentação para evitar contradições ou falhas no discurso.
     O raciocínio é composto de argumentos que parte de proposições e seus temas (problemas). Sendo os argumentos destacados como proposições e os temas relacionados como os problemas, As proposições e os problemas indicam um gênero, uma propriedade, um acidente e uma definição. A definição é uma frase que significa a essência de uma coisa. A propriedade é um predicado que pertence precisamente a alguma coisa. O gênero é o que se predica a partir de sua essência. Já o acidente como sendo algo que pode ou não pertencer a uma determinada coisa, além de ser também uma propriedade temporária.
     Utiliza-se um plano de investigação para encontrar e manipular a identidade de algo. Essa identidade pode ser: numérico, especifico e genérico. A identidade numérica é utilizada quando se tem mais de um nome para a mesma coisa. A Especifica (espécie) é utilizado para coisas idênticas e da mesma classe. E a identidade genérica é para perceber as coisas que pertence ao mesmo gênero.
     No raciocínio também há diferenças de predicados, são eles: essência, quantidade, qualidade, relação, lugar, posição, estado, ação e paixão. Dentro do raciocínio há também três grupos de proposições e problemas. Os éticos, que versam a filosofia natural e a lógica. Na proposição, pode haver um terno com vários significados e quando isso acontece é preciso analisar o seu oposto.
     Contudo, com essas ferramentas Aristóteles nos mostra como entender e não se embaraçar com o discurso, sendo na construção ou na compreensão dos argumentos nele contido.
                                                                                  
                                                                           Ana Paula dos Santos.