ANA PAULA DOS SANTOS
APARÊNCIA
E REALIDADE
BAURU
2014
BERTRAND
RUSSELL
Aparência e Realidade
A obra “Os problemas da
filosofia” do filósofo britânico Bertrand Russell foi produzida com o intuito
de estudar de uma maneira facilitada a filosofia, e, com tal propósito, Russell
inicia o livro com um capítulo de investigação e distinção entre aparência e
realidade.
Para o autor aparência é tudo o
que o objeto aparenta ser, para o observador, através dos sentidos, essa
aparência depende de três fatores: o objeto, o observador e o fator externo. E
a realidade é a forma real constituída através da experiência a partir das
formas aparentes. A realidade não é o que vemos e sim o que inferimos sobre o
que vemos.
Esse capítulo nos demonstra que
até mesmo as coisas mais simples do cotidiano podem vir a se tornar matéria
para inquirições filosóficas, ou seja, a filosofia está por toda parte,
transformando o nosso modo de ver o mundo e trazendo de volta nosso interesse
acerca dele.
Para Russel o papel da filosofia é evidenciado logo
no início do capítulo: reavaliar tudo o que conhecemos, pois por vezes, o que
nos parece óbvio, posteriormente se mostra contraditório.
Existe algum conhecimento tão
certo do qual não possamos duvidar? Russell inicia sua obra com essa indagação
a respeito do conhecimento, e a resposta a essa questão, será negativa se
tivermos em vista os argumentos apresentados por Russell no decorrer do
capitulo.
O autor deixa evidente que nada é somente o
que se aparenta ser. Dai o nome do capitulo: aparência e realidade. Por
exemplo, a iluminação de um determinado local faz com que o mesmo objeto
aparente ser de diversas cores devido ao feixe de luz sobre ele. Ou então, para
um mesmo objeto pode haver varias formas, dependendo do ponto de observação; se
um objeto está no centro de uma sala e ao seu redor existem pessoas o
observando, cada pessoa observará o objeto de um determinado ângulo.
Alguns conceitos devem ser
esclarecidos para melhor compreensão de sua obra. Um deles é os Dados do
sentido: esse conceito consiste no que podemos conhecer a partir das sensações
(corpo). Outro conceito é o de Sensação: consiste na experiência de ter
consciência das coisas.
O autor analisa no primeiro
capitulo uma mesa, essa mesa sendo retangular, escura e brilhante, enquanto
para o tato ela é lisa, fria e dura e se movimenta-la possui um som de madeira,
mas no entanto, todos que observam essa mesa terá a mesma visão? Se em uma
determinada parte a mesa é mais iluminada, sua cor escura aparentará escura da
mesma forma de outras partes sem iluminação?
O conhecimento nos advém de
nossas experiências presentes, daquilo que atinge os nossos sentidos, ou seja,
os dados sensíveis (tato, visão, adição, etc). Porém, para Russell é evidente
que a partir do momento que o que pensamos conhecer e o analisamos, surgem
dúvidas sobre a realidade daquilo que percebemos ou, de outro modo, duvidamos a
respeito da natureza daquilo que atinge a nossa sensibilidade. Pois, uma vez
que cor, textura, e forma estão sujeitos a diferentes modos de serem
percebidos, dependendo da perspectiva adotada pelo observador no caso da forma,
da incidência de luz sobre o objeto no caso da cor e também no que refere a
instrumentos que potencializem os nossos sentidos, como o microscópio no caso
da textura, não há como, pensando nas diversas formas de percepção que existem
sobre um mesmo objeto, depositarmos a mesma confiança nos sentidos que tínhamos
antes de começarmos a investigação.
Então surge a distinção entre
aquilo que chega a nossos sentidos e o ser da coisa mesma, a distinção entre
aparência e realidade. E se deixando levar pela dúvida, cogitamos, até mesmo,
tal qual Berkeley, a inexistência deste mundo de matéria e aparência, tendo em
vista que só o que temos certeza nesse mundo é que há pensamentos, mentes e
sentimentos.
A maioria dos pensadores está de acordo quanto à existência e independência das
coisas em relação a nós, mas não quanto a sua natureza. Leibniz fala em uma
“colônia de almas”, consciências, Berkeley na “mente de Deus” ou a “mente
coletiva do universo” e a dita ciência afirma, não menos estranhamente, em uma
“coleção de cargas elétricas em intenso movimento”. Mas o que, de fato, sabemos
sobre este tema é que as coisas não são o que parecem ser e que há uma
realidade por trás disso no que aparece.
REFERÊCIAS:
RUSSELL, Bertrand. Os
problemas da Filosofia. Disponível em:
<http://orion.iascj.org.br/erptnt/ACTPortalAluIES?idpage=54&idconn=1701F71822171338e2304E44421> Último acesso, 21
de novembro, 2014.
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