domingo, 23 de novembro de 2014

Os problemas da filosofia - Capitulo 1 - Aparência e realidade.

ANA PAULA DOS SANTOS









 APARÊNCIA E REALIDADE
















BAURU
2014





BERTRAND RUSSELL


Aparência e Realidade

A obra “Os problemas da filosofia” do filósofo britânico Bertrand Russell foi produzida com o intuito de estudar de uma maneira facilitada a filosofia, e, com tal propósito, Russell inicia o livro com um capítulo de investigação e distinção entre aparência e realidade.
Para o autor aparência é tudo o que o objeto aparenta ser, para o observador, através dos sentidos, essa aparência depende de três fatores: o objeto, o observador e o fator externo. E a realidade é a forma real constituída através da experiência a partir das formas aparentes. A realidade não é o que vemos e sim o que inferimos sobre o que vemos.
Esse capítulo nos demonstra que até mesmo as coisas mais simples do cotidiano podem vir a se tornar matéria para inquirições filosóficas, ou seja, a filosofia está por toda parte, transformando o nosso modo de ver o mundo e trazendo de volta nosso interesse acerca dele.
Para Russel o papel da filosofia é evidenciado logo no início do capítulo: reavaliar tudo o que conhecemos, pois por vezes, o que nos parece óbvio, posteriormente se mostra contraditório.
Existe algum conhecimento tão certo do qual não possamos duvidar? Russell inicia sua obra com essa indagação a respeito do conhecimento, e a resposta a essa questão, será negativa se tivermos em vista os argumentos apresentados por Russell no decorrer do capitulo.
 O autor deixa evidente que nada é somente o que se aparenta ser. Dai o nome do capitulo: aparência e realidade. Por exemplo, a iluminação de um determinado local faz com que o mesmo objeto aparente ser de diversas cores devido ao feixe de luz sobre ele. Ou então, para um mesmo objeto pode haver varias formas, dependendo do ponto de observação; se um objeto está no centro de uma sala e ao seu redor existem pessoas o observando, cada pessoa observará o objeto de um determinado ângulo.
Alguns conceitos devem ser esclarecidos para melhor compreensão de sua obra. Um deles é os Dados do sentido: esse conceito consiste no que podemos conhecer a partir das sensações (corpo). Outro conceito é o de Sensação: consiste na experiência de ter consciência das coisas.
O autor analisa no primeiro capitulo uma mesa, essa mesa sendo retangular, escura e brilhante, enquanto para o tato ela é lisa, fria e dura e se movimenta-la possui um som de madeira, mas no entanto, todos que observam essa mesa terá a mesma visão? Se em uma determinada parte a mesa é mais iluminada, sua cor escura aparentará escura da mesma forma de outras partes sem iluminação?
O conhecimento nos advém de nossas experiências presentes, daquilo que atinge os nossos sentidos, ou seja, os dados sensíveis (tato, visão, adição, etc). Porém, para Russell é evidente que a partir do momento que o que pensamos conhecer e o analisamos, surgem dúvidas sobre a realidade daquilo que percebemos ou, de outro modo, duvidamos a respeito da natureza daquilo que atinge a nossa sensibilidade. Pois, uma vez que cor, textura, e forma estão sujeitos a diferentes modos de serem percebidos, dependendo da perspectiva adotada pelo observador no caso da forma, da incidência de luz sobre o objeto no caso da cor e também no que refere a instrumentos que potencializem os nossos sentidos, como o microscópio no caso da textura, não há como, pensando nas diversas formas de percepção que existem sobre um mesmo objeto, depositarmos a mesma confiança nos sentidos que tínhamos antes de começarmos a investigação.
Então surge a distinção entre aquilo que chega a nossos sentidos e o ser da coisa mesma, a distinção entre aparência e realidade. E se deixando levar pela dúvida, cogitamos, até mesmo, tal qual Berkeley, a inexistência deste mundo de matéria e aparência, tendo em vista que só o que temos certeza nesse mundo é que há pensamentos, mentes e sentimentos.
A maioria dos pensadores está de acordo quanto à existência e independência das coisas em relação a nós, mas não quanto a sua natureza. Leibniz fala em uma “colônia de almas”, consciências, Berkeley na “mente de Deus” ou a “mente coletiva do universo” e a dita ciência afirma, não menos estranhamente, em uma “coleção de cargas elétricas em intenso movimento”. Mas o que, de fato, sabemos sobre este tema é que as coisas não são o que parecem ser e que há uma realidade por trás disso no que aparece. 


REFERÊCIAS:

RUSSELL, Bertrand. Os problemas da Filosofia. Disponível em:

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