segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Rumo ao Abismo Econômico - Eric Hobsbawm

Ana Paula dos Santos.
Eric Hobsbawm  faz uma análise de como o mundo está entra as guerras.Suponhamos que a Primeira Guerra Mundial tivesse acabado e não deixado vestígios no mundo, assim como aconteceu com o Japão, em 1923, no terremoto, que se enterrou os corpos dos mortes de reconstruiu a cidade, se a guerra não tivesse deixado seu legado econômico-politico social, não haveria o colapso econômico entre as guerras.
E sem esse colapso econômico, não existiria Hitler e o Nazismo, e nem Rosevelt.  Para entendermos o que aconteceu em meados do século XX precisamos entender primeiro o colapso econômico e seu impacto no mundo.
A primeira Guerra mundial devastou a Europa, e longe da América, longe de ser o ápice do Novo Mundo, os EUA se tornaram o epicentro do maior terremoto global -  a grande depressão do entreguerras. A economia mundial capitalista a partir de então começa a desmoronar.
Economistas que no século XIX  estudavam os ciclos econômicos e suas flutuações, o chamado “ciclo do comércio” esperava que tudo se repetisse em períodos de sete a onze anos, mas no começo de 1920, um economista russo, N.D. Kondraatiev, desenvolveu as chamadas ondas longas de cinqüenta a sessenta anos, para se avaliar os ciclos capitalistas.
Essas ondas capitalistas eram tidas como no pensamento de Karl Marx como parte do processo econômico do regime e achava que esses ciclos colocariam em risco o capitalismo.
Desde a Revolução Industrial a economia mundial vinha em um ritmo acelerado, porém entre as guerras houve um declínio desse ritmo e foi isso que fez os economistas repensarem essas flutuações cíclicas para assim entender melhor as ondas econômicas.
No começo de 1920 o comércio mundial começa a se estabilizar novamente, porém, com a depressão de 29 há o regresso.
Em 1924 houve o normalismo, ou seja, as coisas se acalmam. Nessa época o mundo passava por uma onda de desemprego, somente os EUA, que mantinha uma média de 4 % de desempregado no país.
Porém,  no dia 29 de outubro de 1929, em NY, coloco a quebra da bolsa de valores, coisa que até o momento ninguém imaginava que poderia ter acontecido. Essa queda foi algo próximo ao colapso da economia mundial que estava em um círculo vicioso onde cada queda dos indicadores econômicos reforçava o declínio em todos os outros indicadores.
A produção industrial começa a decair a partir de então, e a Depressão se torna global no sentido literal. Todas as Nações estavam envolvidas nesse declínio econômico.
O Brasil tornou-se um símbolo do desperdício do capitalismo e da seriedade da Depressão, os fazendeiros do café começaram a queimar café no lugar de carvão nas locomotivas a vapor.
A situação se agravava ainda mais devido a previdência publica, seguro social, inclusive auxilio desemprego, ou não existia, como nos EUA, ou, pelos padrões de fins do século XX.
O impacto traumático do desemprego em massa, nessa situação, sobre a política dos países industrializados, acarretou na Fila da Sopa, Marchas da Fome.
Depois da Primeira Guerra Mundial, o desemprego ficou como um ferida aberta na sociedade, como uma doença social específica da civilização ( Arndt, 1944, p.250). E com a Grande Depressão, o governo passa a investir em modernos sistemas previdenciários.
Os EUA, já eram, em 1913 a maior potencia industrial do mundo, após o fim da Primeira Guerra eram em muitos aspectos a economia dominante e volta a tornar-se depois da segunda guerra mundial. Foi a grande depressão que interrompe esse processo momentaneamente.
Além disso, a guerra não apenas reforçou a posição como maior produtor industrial do mundo, como também os transformou em maior credor do mundo.
Mais para frente, em 1919, na conferência e paz de Versalhes, impôs a Alemanha o pagamento dos reparos pelo custo da guerra e os danos, como justificativa para tal inseria-s a clausula de que a  Alemanha era a única culpada pela  guerra. O objetivo desse tratado era de deixar a Alemanha fraca e pressioná-la.
Os bancos atingidos pelo Boom especulativo imobiliário chegaram ao auge sobrecarregado de dividas não saldado, novos empréstimos. Houve hipotecas domésticas, a produção de automóveis nos EUA cauí pela metade.
Porém, uma hora a crise cíclica teria de passar, e isso começa a acorrer após 1939. A partir dos anos 30, houve inovações, e veio então a diversão e o meios de comunicação, com todo tempo disponível, devido ao desemprego, as pessoas passaram a ir para o cinema para ocupar o tempo.

No Brasil Depressão acabou com a Oligárquica “ Republica Velha” de 1899-1930 e levou ao poder Getúlio Vargas.  Em 1939 Começa a Segunda Guerra Mundial.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Conceitos Platão.

    

Foi discípulo de Sócrates, e transcreve alguns diálogos de seu mestre para com os jovens atenienses.
Em seus diálogos, sempre há um tema em destaque, utiliza da maiêutica socrática (conhece-te a ti mesmo) para o entendimento e desenvolvimento do tema em discussão.
Teoria das Formas ou mundo das Ideias:
Mundo físico – Corpo/ sentidos/ mundo inferior/ com espaço e tempo.
Esse mundo seria uma cópia do mundo ideal, uma imitação das formas perfeitas da idéia.
Mundo ideal – Superior/ alma/ sem espaço e tempo.
Sua essência e imaterial e eterna.
Substância primordial – é a essência das coisas que está no mundo das idéias. Tipo perfeito de algo que está a nossa idéia, mas que quando se torna físico adquiri características imperfeitas.
Alma – Criada pelo Demiurgo (Artesão) – Anima o corpo. O homem é a alma, porém se torna um escravo da mesma.
Bens da alma – Virtude/ verdade/ Beleza/ bondade/ felicidade.
Demiurgo – Demios= do povo / Ourgos= trabalhador. Ou seja, ele trabalha para o povo, organiza o caos.
A Religião de Platão – Victor Goldschmidt
A religião de Platão - é a dialética entre o mundo físico e o mundo das formas. Para ele Deus seria as formas.
O homem: O vivente Mortal – corpo + alma.
Corpos celestes – alma do mundo/ moldada pelo Demiurgo/ perfeição / harmonia/ inteligência e imortalidade.
O bem se atinge ela inteligência – retornar ao corpo celeste.
O mal se atinge pela estupidez – reencarnar segundo o grau da maldade. Ex: Mulher, pássaro, peixe.
Metempsicose – teoria da transmigração da alma. Plantas / animais / homens.
Plantas – perecíveis
Animais – alma mortal
Homem – alma mortal ligada ao corpo imortal.
Teoria da Reminiscência: Como a nossa alma veio da alma celeste, que todo conhece, nós conhecemos através de lembranças dessa alma superior.


Dialética do Esclarecimento - Adorno e Horkheimer O Conceito de Esclarecimento - Resumo

Dialética do Esclarecimento - Adorno e Horkheimer O Conceito de Esclarecimento
O esclarecimento tem a função de livrar os homens do medo e de colocá-los como senhores de si próprios.
O esclarecimento humano seria o grande tesouro do mundo, sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber.
Não é bom se dizer que temos duvidas, ou que não temos certezas. O entendimento é um bem do humano, porém as vezes caímos sobre o entendimento sem saber para onde iremos.
O saber é poder, pois esclarece o entendimento humano e o faz livre.
Xenófanes zombava da multidão de deuses, porque eram iguais aos homens, que os produziram, em tudo aquilo que é contingente e mau, e a lógica mais recente denuncia as palavras cunhadas pela linguagem como moedas falsas, que será melhor substituir por fichas neutras. O mundo torna-se o caos, e a síntese, a salvação.
No trajeto para a ciência moderna, os homens renunciaram ao sentido e substituíram o conceito pela fórmula, a causa pela regra e pela probabilidade.
Para os pré- históricos a vida e a morte haviam se explicado e entrelaçado nos mitos.
O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas potências no legado platónico e aristotélico da metafísica e instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos universais, acusando-a de superstição.
Para Platão o elemento básico do mito sempre foi o antropomorfismo, a projeção do subjetivo na natureza. Os demônios seriam as imagens dos homens que se deixam amedrontar pelo natural. Todas essas figuras míticas podem se reduzir, pelo esclarecimento, ao homem.
os mitos que caem vítimas do esclarecimento já eram o produto do próprio esclarecimento. No cálculo científico dos acontecimentos anula-se a conta que outrora o pensamento dera, nos mitos, dos acontecimentos. O mito queria relatar, denominar, dizer a origem, mas também expor, fixar, explicar.
O esclarecimento acabou por consumir não apenas os símbolos mas também seus sucessores, os conceitos universais, e da metafísica não deixou nada senão o medo abstrato frente à coletividade da qual surgira.
Pois o esclarecimento é totalitário como qualquer outro sistema. Sua inverdade não está naquilo que seus inimigos românticos sempre lhe censuraram: o método analítico, o retorno aos elementos, a decomposição pela reflexão.
 Kant combinou a doutrina da incessante e laboriosa progressão do pensamento ao infinito com a insistência em sua insuficiência e eterna limitação. Sua lição é um oráculo. Não há nenhum ser no mundo que a ciência não possa penetrar, mas o que pode ser penetrado pela ciência não é o ser.


A Indústria Cultural: O Esclarecimento Como Mistificação das Massas
A unidade evidente do macrocosmo e do microcosmo demonstra para os homens o modelo de sua cultura: a falsa identidade do universal e do particular. Sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e seu esqueleto, a ossatura conceitual fabricada por aquele, começa a se delinear. Os dirigentes não estão mais sequer muito interessados em encobri-lo, seu poder se fortalece quanto mais brutalmente ele se confessa de público.
A televisão visa uma síntese do rádio e do cinema, que é retardada enquanto os interessados não se põem de acordo. As queixas dos historiadores da arte e dos defensores da cultura acerca da extinção da força criadora do estilo no Ocidente são assustadoramente destituídas de fundamento. A tradução estereotipada de tudo, até mesmo do que ainda não foi pensado, no esquema da reprodutibilidade mecânica supera em rigor e valor todo verdadeiro estilo, cujo conceito serve aos amigos da cultura para transfigurar em algo de orgânico o passado pré-capitalista.
Se ele adapta Mozart ao jazz, ele não o modifica apenas nas passagens em que Mozart seria difícil ou sério demais, mas também nas passagens em que este se limitava a harmonizar de uma maneira diferente, ou até mesmo de uma maneira mais simples do que é costume hoje. Nenhum construtor medieval poderia ter passado em revista os temas dos vitrais e esculturas com maior desconfiança do que a hierarquia dos estúdios de cinema ao examinar um tema de Balzac ou Victor Rugo, antes de lhe dar o imprimatur do aceitável.
É com razão que o interesse de inúmeros consumidores se prende à técnica, não aos conteúdos teimosamente repetidos, ocos e já em parte abandonados. Todavia, a indústria cultural permanece a indústria da diversão. Seu controle sobre os consumidores é mediado pela diversão, e não é por um mero decreto que esta acaba por se destruir, mas pela hostilidade inerente ao princípio da diversão por tudo aquilo que seja mais do que ela própria.
— A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao processo de trabalho mecanizado, para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo. . Mas, ao mesmo tempo, a mecanização atingiu um tal poderio sobre: a pessoa em seu lazer e sobre a sua felicidade, ela determina tão profundamente a fabricação das mercadorias destinadas à diversão, que esta pessoa não pode mais perceber outra coisa senão as cópias que reproduzem o próprio processo de trabalho.
A fusão actual da cultura e do entretenimento não se realiza apenas como depravação da cultura, mas igualmente como espiritualização forçada da diversão. Divertir significa sempre: não ter que pensar nisso, esquecer o sofrimento até mesmo onde ele é mostrado. A impotência é a sua própria base. É na verdade uma fuga, mas não, como afirma, uma fuga da realidade ruim, mas da última ideia de resistência que essa realidade ainda deixa subsistir. A liberação prometida pela diversão é a liberação do pensamento como negação.
No liberalismo, o pobre era tido como preguiçoso, hoje ele é automaticamente suspeito. O trágico é reduzido à ameaça da destruição de quem não coopera, ao passo que seu sentido paradoxal consistia outrora numa resistência desesperada à ameaça mítica. O destino trágico converte-se na punição justa, na qual a estética burguesa sempre aspirou transformá-la. A moral da cultura de massas é a moral degradada dos livros infantis de ontem.
Na indústria, o indivíduo é ilusório não apenas por causa da padronização do modo de produção. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade incondicional com o universal está fora de questão.

O novo não é o carácter mercantil da obra de arte, mas o facto de que, hoje, ele se declara deliberadamente como tal, e é o facto de que a arte renega sua própria autonomia, incluindo-se orgulhosamente entre os bens de consumo, que lhe confere o encanto da novidade. A arte como um domínio separado só foi possível, em todos os tempos, como arte burguesa.

A FORMAÇÃO DO ENTENDIMENTO HUMANO EM ARISTÓTELES E JONH LOCKE

UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO












ANA PAULA DOS SANTOS









A FORMAÇÃO DO ENTENDIMENTO HUMANO EM ARISTÓTELES E JONH LOCKE
















BAURU
2015


ANA PAULA DOS SANTOS










A FORMAÇÃO DO ENTENDIMENTO HUMANO EM ARISTÓTELES E JONH LOCKE




Trabalho apresentado à disciplina de Teoria do Conhecimento, sob orientação do Prof. Me. Jackson Valentim Bastos.



















BAURU
2015


O presente artigo tem como objetivo demonstrar a relação de pensamento entre os filósofos Aristóteles e John Locke. A partir das análises desses filósofos, este artigo mostrará o funcionamento do conhecimento humano.
John Locke, filósofo inglês viveu entre os anos de 1632 a 1704. É um dos maiores representantes do empirismo.  Estudou artes, medicina e ciências naturais.
Em sua obra, Ensaio sobre o entendimento humano, Locke enfatiza o conhecimento humano como sendo uma folha em branco, ou seja, só adquirimos entendimento através das experiências, com as quais passamos a tomar conhecimento das coisas do mundo. “Os homens podem chegar a todos os seus conhecimentos pelo simples uso da faculdade naturais e sem o auxilio de qualquer impressão inata.” (LOCKE, 1999. p.31)
            Aristóteles, filósofo grego viveu entre os anos de 384 a. C. a 322 a.C. também se destaca por sua maneira empírica de entendimento da natureza humana. Quando jovem mudou-se para Atenas onde conheceu seu mestre Platão, em 335 a.C., fundou sua Escola Liceu, voltada para as ciências naturais. Sendo um biólogo, Aristóteles classificava as coisas do mundo, e também, em suas análises, classificava a maneira como os humanos pensavam.
Em sua obra, De Anima, o autor, procura demonstrar a importância do corpo e da alma para o entendimento humano.“Portanto, está bastante claro que a alma, ou algumas partes dela, se ela for de natureza partível, não é separada do corpo. Pois em alguns casos a atualidade é das partes elas mesmas.”( ARISTÓTELES, 2006. p. 73)
A princípio precisamos entender o que é o inatismo, para então aprofundarmos as visões dos autores. A seguinte citação descreve de maneira eficaz o que é ser inato para Locke.

Todavia, quando se diz que uma norma é inata, que quer significar-se com isso? Ou que é um princípio que em todas as circunstancias promove e dirige as ações de todos os homens; ou que é uma verdade que todos os homens têm impressa no espírito, e que, portanto, conhecem e aceitam. Mas afinal, em nenhum destes sentidos ela é inata. (LOCKE, 1999, p.63).        

Na obra Ensaio sobre o entendimento humano, Locke tenta, através de indagações refutar o inatismo das ideias no pensamento humano. O ser humano precisa de respostas para perguntas, e então Locke coloca vários temas para demonstrar se essas questões são inatas, como, por exemplo, a existência de um Deus. Para ele se o conceito de Deus fosse inato não haveria tantos deuses ou religiões no mundo. E se houvesse um Deus inato este mesmo Deus teria colocado em nós humanos alguns princípios para que todos possuíssem. Mas o que percebemos segundo Locke, é que tudo que o que possuímos em nosso intelecto só possuímos devido a experiência, pois somos como uma tabula rasa, na qual será acrescentada conteúdos novos ao decorrer de nossa vida.
Em sua obra está evidente sua visão sobre a educação, ele expressa a maneira como uma criança aprende a pensar. Todos possuem a mesma capacidade se ela for trabalhada da mesma maneira, o que diferencia um individuo do outro é justamente a maneira com que ele é trabalhado e ensinado, pois todos possuem o mesmo potencial.
Para saber se algo é inato é necessário saber que se existe em todos os humanos uma ideia em comum, que todos já nascem com ela sem precisar que essa ideia seja ensinada, pois se algo é inato, é próprio do individuo, mas em seu entendimento nada no mundo é dessa natureza.

Conclui-se também que esses princípios foram por força impressos a alma dos homens no momento da sua criação e com ela vieram ao mundo, da mesma forma que as faculdades que nela se encontram. (LOCKE, 1999, p.32).

Nas analises de Locke fica evidente que não há verdades inatas, pois as mesmas são contraditórias, precisamos tomar conhecimento delas em nosso entendimento.

Se não há noção naturalmente gravadas no espírito, como podem ser inatas? Mas, se as há como podem ser desconhecidas? Dizer que, ao mesmo tempo, uma noção está impressa no espírito e que este a ignora e nunca dela teve conhecimento, é o mesmo que dizer que tal impressão não é coisa nenhuma. . (LOCKE, 1999, p.32).


As crianças adquirem ao decorrer dos anos o uso da razão. Do mesmo modo que os povos incultos e os selvagens não possuem conhecimentos inatos, as crianças só aprendem o conteúdo de seu conhecimento através do uso da razão. Então é contraditório dizer que há princípios inatos no ser humano. “Considero necessário que os homens atinjam o uso da razão para que cheguem ao conhecimento das verdades gerais.” (LOCKE,1999, p 38).
Há conhecimentos que atingimos com facilidade e cedo em nossas vidas, mas isso não quer dizer que são inatos, originários, e sim de maior necessidade para o individuo e por isso há uma maior facilidade de se aprender determinadas coisas.
Segundo Locke tudo é constituído de conceitos e só com a experiência entendemos e sabemos utilizar de maneira correta esses conceitos.

É evidente que aprendemos os ternos e a sua significação, que não são inatos. Depois, como vemos, as próprias ideias que formam aquelas proposições são também adquiridas. E, sendo assim, eu gostaria de saber o que restará que possa ser inato {...} (LOCKE, 1999, p.45)


Aprendemos as coisas em suas partes e com o passar do tempo aprendemos a conectar essas partes. Tudo que sabemos só sabemos por causa da experiência que tivemos ao longo de nossa vida e esses conhecimentos não estavam impressos em nós, porque se assim fosse não precisaríamos da experiência.

Assim, por exemplo, uma criança rapidamente concordará que uma maçã não é fogo, depois d ter aprendido no convívio familiar as distintas ideias dessas duas diferentes coisas, e de ter aprendido também que as palavras maçã e fogo servem para designar. (LOCKE,1999, p.46

É impossível que uma proposição inata possa ser desconhecida por quem conheça qualquer outra coisa, porquê se há verdade inatas, terá de haver pensamentos inatos e com isso não poderá haver no espírito nada, nenhuma ideia que jamais foi pensada. E com isso sabemos que esses princípios não são objetos de um consenso universal.
Fazendo um comparativo entre a visão de corpo entre Locke e Aristóteles, em Ensaio sobre o entendimento humano o autor expressão que se o conhecimento fosse inato, o corpo seria desprezado, mas assim como para Aristóteles, o corpo é fundamental para o entendimento do mundo, pois é através dele que conseguimos ter as experiências necessárias para a nossa formação cognitiva.

Poderia compreensivamente esperar-se que tais princípios pudesses facilmente conhecer-se nos inocentes, dado que, tendo sido diretamente impresso na alma, não dependeriam da constituição ou dos órgãos do corpo, a única diferença confessadamente reconhecida entre eles e os outros. (LOCKE, 1999, p.49).

O homem, em seu entendimento é limitado, pois precisa se esforçar para entender e aprender as coisas, esse aprendizado externo só é possibilitado através das experiências externas, tais que internamente constituem nossas ideias.
Há alguns pontos morais que precisa segundo Locke, ser analisa como: “Onde haverá uma verdade prática que seja recebida universalmente, sem dúvida nem controvérsia, como deveria sê-lo se fosse verdade?” (LOCKE, 1999, p.54).
Já em De Anima, o autor começa a sua obra expressando diversas visões distintas de seus predecessores em relação à alma humana.
Aristóteles enfatiza o conhecimento humano, para ele se há tantas versões sobre algo, como então saber quais dessas versões são as corretas, ou então, se há uma versão correta.
Supondo o conhecimento entre as coisas belas e valiosas e um mais do que outro, seja pela exatidão, seja por ter objetos melhores e mais notáveis, por ambas as razões o estudo da alma estaria entre os primeiros. Há inclusive a opinião de que o conhecimento da alma contribui bastante para a verdade em geral. (ARISTÓTELES, 2006, p.45).

Para Aristóteles, como se deve começar a estudar a alma? Ela por inteiro, ou partes? Isso não seria inato, segundo Locke, pois se fosse inato já teríamos essas verdades em nossas ideias e saberíamos por onde começar, ou melhor, não precisaríamos de investigação, pois já estariam todas as respostas dentro de nós.
Em relação ao corpo o autor descreve as afecções da alma: “ocorrem comum corpo: ânimo, mansidão, medo, comiseração, ousadia, bem como a alegria, o amor e o ódio, pois o corpo é afeta {...}” (ARISTÓTELES, 2006, p45).
Ou seja, para todo o entendimento interno individual, há uma parte sensível que foi gerada pela interação homem e objeto, interior e exterior para se formar a partir dessa experiência afecções da alma.
Aristóteles expressa que tudo é desenvolvido através da experiência, em que o contato com o mundo externo é a única forma de se obter conhecimento e aprimoramento do intelecto. Então o corpo é essencial para o desenvolvimento do entendimento humano. Isso também vê em Locke, que diz que somos como uma folha em branco que precisa ser impressa, essas impressões só é possível através das nossas experiências exteriores.
Para Aristóteles o corpo (a matéria) adquire informações pela experiência, e essas informações são levadas o intelecto e desenvolve sua forma. Essa forma, na versão de Locke, seriam as ideias que desenvolvemos em nossos pensamentos ao decorrer da vida, passando pelas experiências necessárias para tais. Não há inatismo para eles, e sim um processo de desenvolvimento intelectivo.
Ambos citam as pessoas que possuem capacidade cognitiva, mas não a utiliza para desenvolvimento de seu intelecto. Com isso esses humanos não se desenvolvem de maneira adequada, pois não estão utilizando de maneira correta sua potencialidade cognitiva.
O ponto principal da obra de Aristóteles é a importante corpórea que ele dá ao entendimento humano. Pois como somos seres empíricos, segundo ele, precisamos de tais experiências para desenvolver o nosso intelecto, um atributo de nossas almas.
“O ponto de partida da investigação é apresentar aquilo que mais parece pertencer à alma por natureza... O ser animado possui o movimento e a percepção sensível {...}” (ARISTÓTELES, 2006, p49.)
Aristóteles destaca a relação de corpo e alma, como um sendo interligado ao outro, pois a alma é o que anima o que dá vida e movimento ao corpo e o corpo é o instrumento que a alma precisa para se desenvolver e acrescentar informações a alma, ou seja, um não vive sem o outro. A alma nada faz sem o corpo, e o corpo nada faz sem a alma. Se um se separa do outro, ambos se aniquilam, pois a vida é a união de corpo e alma.
Portanto, conclui-se que só conseguimos ter conhecimento de algo a partir do momento que conhecemos de maneira sensível esse algo, e a partir dessa experiência formulamos o entendimento interno.
Ambos acreditam na importância da dessa relação entre corpo e alma, deixando de lado a versão inata que outros filósofos pregam.
 Como não há nada de inato dentro da alma ou dentro das ideias humanos precisamos estabelecer meios para o entendimento e aprimorarmos para sempre progredir nosso entendimento, mas isso só será possível com o exercício exterior de informação sensível transferida para o interior e ai sim analisada pela razão humana e transformada em conhecimento interno do intelecto.

























BIBLIOGRAFIA

ARISTÓTELES. De anima. 2.ed. São Paulo:Editora 34, 2006.


LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento Humano. Lisboa: fundação Caulouste Gulbenkian, 1999.

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