quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Resenha do livro Desonrada - Mukhtar Bibi

Ana Paula dos Santos

O livro de título Desonrada conta com o depoimento de Mukhtar Bibi e ajuda da jornalista Marie- Thérese Cuny.
Esse livro conta a história de Mukhtar, uma jovem paquistanesa que é violentada coletivamente por quatro homem de uma casta superior a sua, no ano de 2002.
A protagonista da narrativa é uma paquistanesa de família humilde, analfabeta e que se separou do marido com o consentimento de sua família. Nessa obra fica evidente a submissão da mulher perante a sociedade, e mostra que há submissão também de castas para com outras castas superiores.
Existe justiça, leis no Paquistão, porém para os mais humildes o que vale são as leis tribais e superiores da lei não se manifestam, deixando a justiça ser feita injustamente.
A narrativa começa quando o irmão de 12 anos de Muthtar é acusado de se relacionar com uma jovem mais velha de uma casta superior. Mesmo sabendo que seu irmão é inocente, Mukhtar é enviada pela família até essa tribo para se desculpar com o chefe oposto. Mukhtar vai acompanhada com seu pai. Porém, a família ofendida, não aceita esse pedido de desculpa e manda que quatro homens dessa tribo a estuprem. Esse fato ocorre em um local fechado, porém, todos da aldeia e os familiares de Mukhta sabiam o que estavam acontecendo lá dentro.
As paquistanesas que sofrem esse tipo de agressão tende a se matar, pois se sente sujas e indignas, porém Mukhtar recebe toda a ajuda da família e consegue não optar por esse tipo de fuga. Algumas mulheres após serem estupradas são abandonadas pelos próprios maridos.
A história de Mukhtar segue um outro rumo, sabendo que havia jornalistas na região, ela decide ir atrás de expor publicamente sua história, claro que sentiu medo, vergonha, porém não achava justo ela ser só mais uma. 
Foi chamada a depor e contar toda sua história na delegacia e assinar o que havia dito, porém, sendo analfabeta, ela somente marcou com sua digital o papel, sem ao menos saber o que estava ali escrito.

Depois de ter uma certa repercussão o seu caso publicamente, ela é chamada a depor novamente e dessa vez conta a mesma história e essa história não bate com o que foi escrito pelo primeiro escrivão, explicando o que aconteceu, pessoas poderosas dão-lhe proteção e a incentiva a contar toda a verdade. 
Mukhtar decide, mesmo sendo ameaçada pela casta superior, não parar e ir até o fim, para fazer justiça. Os quatro agressores são condenados a prisão perpétua e ela recebe uma indenização. Com o dinheiro abre uma escola, para meninas e meninos na sua tribo. Recebe ajuda de pessoas importantes do Paquistão e Canadá. Viaja para França, Canadá, e outras localidades para ser homenageada e premiada.

Segue seu sonho de ser diretora de escola, aprender a ler. Mukhtar é atualmente uma personalidade de superação e luta, alguém que usou de sua pior experiência para ajudar a outras pessoas a não passar, ou pelo menos ajudar a superar seus traumas.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

E agora Che? - Negociações entre Cuba e EUA.

Ana Paula dos Santos

Com as negociações recentes entre Cuba, socialista, e Estados Unidos, capitalista, há quem diga que toda guerrilha traçada nos anos 50 por Ernesto "Che" Guevara  os irmãos Castro foi perdida.
Tudo bem que Cuba ficou quase que totalmente isolada do mundo nesses 50 anos, sem contato com o sistema econômico mundial.
Para entendermos o que essas negociais atuais significam temos que soltar alguns anos na história de Cuba.
Cuba  fora governada por Fulgêncio Batista que exercia um governo forte e controlador, em março do ano de 1952 Batista retorna ao poder, porém agora de uma forma ditatorial. Seu governo tinha vínculos com os Estados Unidos esse vínculo perdurou até 1959, os Estados Unidos apoiaram Cuba como sendo uma estratégia em meio a Guerra Fria, para que Cuba não se transformasse, como a Rússia em socialista. Nessa nova fase de seu mandato, Batista passa a ser autoritário e manda prender seus opositores e controla a imprensa. Seu regime ditatorial só é derrubado em 1959 por ataques de guerrilheiros socialistas.
Dentre os líderes dessa guerrilha estavam os irmãos, Fidel e Raul Castro e o Médico Ernesto Guevara. Que por sua vez, queriam maior participação popular no país e menos desigualdades.
Ernesto Guevara de La Serna, argentino, nasceu em 1928, estudante da filosofia marxista, que estudou medicina, porém achava que seu trabalho como médico não era o bastante, ele almejava mais, seu objetivo era ajudar a grande massa do trabalhadores pobres, unificar as Américas e tirar dos ricos para dar aos pobres. Isso remete aos irmãos Tibério e Caio Graco da antiga Roma, que também tinham esse objetivo de reforma agrária e acabar com a desigualdade existente na sociedade.
No México Che Guevara conhece Castro e decidem pela Revolução Cubana, com a ajuda dos camponeses cubanos, que estavam sendo explorados pelo governo ditador de Fulgêncio Batista e de seus guerrilheiros Che e os irmãos Castro conseguem derrubar o atual governo e colocar a própria forma de governo em Cuba.
Cuba passa a ser socialista e ser governada por Fidel Castro, Che recebe um cargo público de confiança ao lado de Castro. Porém, não era esse o objetivo principal de Che, que vai guerrilhar no Congo. Sem sucesso volta à América, dessa vez na Bolívia, que passa por situações de podreza extrema e desigualdade social igual a Cuba, porém, com um grupo guerrilheiro menor, e dessa vez, não consegue o apoio dos camponeses da região e é capturado e morto pelo governo Boliviano juntamente com a CIA. O trajeto feito por ele na Serra boliviana é uma das atrações turísticas do país. Ou seja, os mesmos que o mataram, se beneficia de sua luta em prol do sistema capitalista pelo qual ele morreu para banir. 
E agora Cuba retoma negociações com os Estados Unidos, depois de tudo que passou para conseguir a "independência" em relação ao Norte, Cuba volta a contar e fazer acordos com os Estados Unidos. 
" Eu não confio na política dos Estados Unidos e nem tive uma troca com ele, mas isso não significa... uma rejeição a solução pacífica para conflitos ou riscos de guerra', disse Fidel,de 88 anos, para o jornal oficial do Partido Comunista cubano.
Uma coisa é certa, Che Guevara está se revirando no túmulo, com a sensação de ter nadado e morrido na praia.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Mulher de 30 - Balzac

Tome a mesma moça aos 20 e aos 30 anos. No segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro.

Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma e de um homem. Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20. Só que isso é compensado por outros atributos encantadores que reveste a mulher de 30.

Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 30, a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo e orgulho da sua vagina, das suas carnes sinuosas, do seu cheiro cítrico. Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo - astral. Quer é ser feliz. Se o seu homem não gosta dela do jeito que é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça.
Aos 30 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos e acessórios, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor. E tem gestos mais delicados e elegantes.

Aos 30, ela carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com muito mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante. Mulher que é mulher,se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor. Mas, aos 30 ela,já sabe lidar melhor com esse aspecto peculiar da sua condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam e quem mais estivesse por perto, irremediavelmente.

Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 30, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas, que só sabem mesmo  onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos.

Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 30, é ela quem escolhe. E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata.

A mulher de 30, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome. Aos 30, ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros; seus lábios, mais reluzentes; sua saliva, mais potável. E o brilho da pele não é a oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade.

Aos 20 ela rói as unhas. Aos 30, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética insuperável. Acontece alguma coisa também com os cílios, o desenho das sobrancelhas, o jeito de olhar. Fica tudo mais glamouroso, mais sexualmente arguto.

Aos 30, quando ousa, no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio. No jogo com os homens já aprendeu a atuar no contra - ataque. Quando dá o bote é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra a sua força na hora certa e de forma sutil.
Não para exibir poder, mas para resolver tudo ao seu favor antes de chegar ao ponto de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis. Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher.
Honoré de Balzac